segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ao mar.




Trago os lábios salgados
Pela maresia da tua pele.
Os sentidos embriagados
Pelas marés nos teus olhos.
E os pensamentos molhados
Pelas ondas da tua voz.

Das tuas encostas trouxe canela,
Cravo, pérolas e marfim.
Nas tuas praias deixei a vela,
O leme, o mastro e o esporão.
A mim fizes-te-me caravela,
Meu astrolábio, meu capitão.








quarta-feira, 27 de abril de 2011

Não (te) escrevo.

 
 
 
Numa contradição aparente, eu, eterna amante das palavras, não te escrevo.





(escrevo antes,
nas linhas do teu corpo,
 palavras invisíveis aos olhos que não os nossos.)










domingo, 17 de abril de 2011

Tururururu ruru.



"E com um brilhozinho nos olhos
Tentámos saber
Para lá do que muito se amou
Quem eramos nós
Quem queriamos ser
E quais as esperanças
Que a vida roubou
E olhei-o de longe
E mirei-o de perto
Que quem não vê caras
Não vê corações.
(...)"

- Sérgio Godinho, Com um brilhozinho nos olhos




sábado, 9 de abril de 2011

Credos.

 
 
Quisera querer-te menos
E menos querer teria em querer-te tanto
Como quero.






-Crês-me, meu amor, na medida em que te quero?

sábado, 2 de abril de 2011

Compreensão.


Deixemo-nos de palavras gastas, vagas, desprovidas de sentidos literais ou literários.

Deixemos as folhas em branco:  interrogação constante sobre o que deveria ser escrito, "dito", expresso, impresso, riscado ou (in)conscientemente apagado.


Deixemos de nos traduzir, em sentidos duplos e subjectivos, em caracteres desenhados, dactilografados, pintados, redigidos numa letra perfeitamente delineada.

Deixemos de escrever todo o tipo de qualquer texto ou não texto, que possa ser entendido minimamente por qualquer membro de uma sociedade escrava de uma literacia enganosa.





Paremos.



- Que o silêncio de uma folha de papel também tem o direito a ser
lido,
 interpretado,
digerido
e dignamente estudado.
(E quem sabe, na sua falta de possível compreensão, compreendido.)







- Querias dizer alguma coisa?

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tão minha (tão tua).






Sei muito bem, amor, ser minha.




Não sabia era que sabias tão bem
 (apenas tu)
fazer-me a mim
(tão minha),
tão tua.


.

quinta-feira, 10 de março de 2011

(Des)entendimentos.




Trago a Razão a bater-me no peito
E um Coração bem consciente
Da inconsciência de que és feito.













"Me and you what's going on?"

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Maresias.



Mar revolto trago abrigado neste peito.
Mil naufrágios guardo, sem ponta de despeito
A quem em mim vê a sua própria tormenta,
Essa maré sem rédea, que este coração acalenta.                                  






Mas sempre vieste enfim, na volta da maré...
E à tormenta que me atormenta, 
trazes bonança e um pouco de fé.


(meu Capitão Romance).
.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ça sert a quoi?







Não peças a este coração desafinado mais que uma melodia a dois, condensada num suspiro.
(Shiu, ela não pode ouvir-nos.)






- Ça sert a quoi l'amour?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Perfect.





"I know we're just like old friends
We just can't pretend
That lovers make amends
We are reasons so unreal
We can't help but feel that something has been lost


But please you know you're just like me
Next time I promise we'll be perfect


Perfect
Perfect strangers down the line
Lovers out of time
Memories unwind


So far I still know who you are
But now I wonder who I was...


Angel, you know it's not the end
We'll always be good friends
But the letters have been sent on


So please, you always were so free
You'll see, I promise we'll be perfect
Perfect strangers when we meet
Strangers on the street
Lovers while we sleep


Perfect
You know this has to be
We always we're so free
We promised that we'd be
Perfect
Perfect
Perfect..."



 
Tu fazes de conta
E eu finjo que acredito em ti.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Definição de amor.

amor, s.m. sentimento que nos impele para o objecto dos nossos desejos; objecto da nossa afeição; paixão; afecto; inclinação.





(E as palavras lamechas?
E os corações galopantes?
E o calor de um beijo roubado?
E as promessas da eternidade vã?
E o fulgor de um toque improvisado?
E o sorriso que se escapa e se funde noutro igual?
E o ridículo fluir de reacções químicas no cérebro e no corpo?)





O dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, 6ª edição não sabe nada sobre o amor.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Torre de marfim.







O teu querer-me tanto, desmesurado,
deixa-me sem querer voltar sóbria a mim.
É que o amor que me trazes, já usado,
prende-me a alma numa infinita torre de marfim.

Medras caminhos escuros, o mar ousado,
matas bestas, corres mundos sem fim!
E eu nesse castelo em quimera inventado,
espero por quem não queira querer-me, enfim...